A principal fonte de abastecimento de água de Juína poderá secar dentro de alguns anos, de acordo com o próprio Departamento de Água e Esgoto Sanitário (DAES). Essa é a realidade do Rio perdido que possui quase 100 nascentes ao entorno da cidade, onde a grande maioria está degradada. A condição dessas nascentes tem preocupado alguns órgãos, que vêem a necessidade de medidas práticas para evitar à situação.
Umas dessas entidades é o Sindicato das Indústrias Madeireiras e Moveleiras do Noroeste de Mato Grosso (Simno) que firmou recentemente uma parceria de preservação de nascentes do Rio Perdido com a naturalizada americana Sophia Watkins.
Árvores de várias espécies já estão sendo plantadas ao entorno de uma dessas nascentes, localizada em uma propriedade rural distante 10 km da cidade, mas como o solo está degradado, o composto orgânico produzido pela Associação dos Moveleiros em parceria com o sindicato a partir do pó de serra será utilizado para melhorá-lo.
“Todas as mudas de árvores que eram plantadas nas APP’s (Área de Preservação Permanente) morriam em razão de o solo ser fraco. Uma das maiores dificuldades em recuperação deste tipo de solo é conseguir matéria orgânica de qualidade, foi então que resolvemos entrar com o nosso composto, que além de proporcionar uma qualidade melhor para as mudas, estaremos resolvendo um dos grandes problemas ambientais que é o acúmulo do pó de serra a céu aberto no pátio das indústrias”, contou o diretor executivo do Simno, Ederson Aquino.
De acordo com ele, com o melhorador de solo foi possível fechar um ciclo industrial, onde a partir da industrialização das espécies que são retiradas de projetos de manejo sobram os resíduos que agora são revertidos em um composto orgânico melhorador de solo bastante potente.
O sucesso da compostagem já foi comprovado em pastagens, lavouras de café e em hortaliças produzidas em campo experimental. Agora, uma grande quantidade do composto será utilizado para fortalecer o solo que por sua vez receberá as mudas que terão por finalidade reflorestar uma das nascentes do Rio Perdido.
Sophia Watkins é equatoriana, porém, naturalizada americana. Foi naquele país que ela se formou em economia na mais conceituada universidade de todo o mundo, a de Harvard. Morando em Juína há cerca de dois anos, Watkins conta que escolheu nossa cidade para fazer seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), quando percebeu o problema que Juína poderá enfrentar nos anos vindouros caso medidas não sejam tomadas urgentemente.
“A água está acabando, nesse ano mesmo sofri com racionamento no bairro Padre Duílio, e tem cidades que até hoje está sem água, como é o caso de Tangará da Serra, por isso vi que é preciso repensar o futuro e começar desde já a preservar nossas nascentes, a água está acabando e não tem outra opção, a não ser reflorestar”, conta.
Para o presidente do Simno, a parceria é muito importante. “Para nós é um motivo de alegria ver que o composto produzido pelo Simno será utilizado na recuperação de nascentes. Abraçamos a causa, pois cuidar do meio ambiente no presente é assegurar que no futuro as riquezas naturais prevaleçam e como o Simno é a organização do setor de base florestal, setor que mais cuida da floresta, porque não nos empenharmos também em prol nosso Rio Perdido?”, argumentou o presidente do Simno, Roberto Rios.