Passar pela BR-174 entre os municípios de Castanheira e Juruena, no noroeste de Mato Grosso, deixou de ser uma aventura e se transformou num pesadelo. A omissão do governo com a região deixou o trecho de 155 km há 01 ano sem reparos, começou o período das chuvas e os problemas se agravaram. São atoleiros que se formaram, pontes que estão caindo e a iminência de a qualquer momento a região ficar isolada do restante do estado e sofrer com o desabastecimento de alimentos, remédios e combustíveis.
Quem se arrisca passar pela rodovia amarga os prejuízos, como é o caso do caminhoneiro Vanderlan. Ele trafegava sentido Castanheira e relatou o seu dilema. “A situação é complicada, a estrada está cheia de buracos e lama, basta chover pra interditar, acabei tendo vários prejuízos com um pneu que estourou e outro que furou nas pedras, sem contar que já rasgou o saião do caminhão, estourou o pneumático, já quebrou o ‘bigodinho’ da frente, R$ 3 mil de prejuízos só na parte de pneus, fora o restante que ainda tenho que mexer, é muita dor de cabeça, perca de tempo na estrada e pra piorar não temos nenhuma assistência nessa estrada, ficamos sem comer e sem tomar banho”, cobrou.
O empresário Clódis Menegaz, diretor geral da Faculdade AJES, também precisou passar pela BR-174 na viagem que fez até Colniza. De acordo com ele, se não houver uma intervenção a estrada será interditada. “A BR está toda esburacada com vários pontos críticos e de atoleiros, se não acontecer uma intervenção do estado urgentemente provavelmente essa rodovia será interditada nos próximos dias, porque você não conseguirá chegar ao seu destino. No dia em que fui presenciei ônibus gastando 14 horas de viagem, atoleiros com filas imensas, pessoas sofrendo, então posso afirmar que essa rodovia deixará as cidades isoladas do município de Juína, a situação é muito crítica, atoleiros graves e isso nos preocupa”, frisou.
Ele acredita que a situação chegou nesse estado devido à falta de ação governamental. “É a inoperância do poder público, que mesmo não estando perto, poderia deixar uma máquina para desatolar os caminhões, ônibus e veículos que ficam presos nessa estrada, se continuar assim a região ficará dividida pela BR-174”, argumentou.
A situação preocupa ainda mais o setor produtivo da região, que sem estradas não conseguirá escoar matéria prima para as indústrias e nem os produtos beneficiados. Em busca de solução paliativa, o presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras e Moveleiras do Noroeste de Mato Grosso (Simno), Roberto Rios, percorreu o trecho e se reuniu com autoridades e empresários das cidades de Colniza e Juruena.
“Está um verdadeiro caos, vários pontos críticos, duas pontes com problemas e mais uma semana sem manutenção a via será interditada e não passará mais ninguém, é preciso tomar uma providência e vendo a situação fui até Colniza e Juruena aonde me reuni com as lideranças locais e graças ao setor de base florestal de Juruena conseguimos uma PC, um caminhão caçamba e uma patrol para fazer uma operação tapa-buraco na BR-174. O setor dará a sua contrapartida pagando horas de máquinas e óleo diesel, que não é pouco, por isso peço que todos ajudem, pois não é só o nosso setor que depende dessa estrada, mas sim toda a região”, cobrou.
Uma das pontes com problema é que passa sob o Rio Canamã, no sentido Colniza. Não para de chover desde quinta-feira (15) e a água acabou levando embora o aterro. A ponte está interditada e a previsão é que as autoridades iniciem nesta terça-feira (20) a reconstrução do aterro.
Rios, falando da atual situação do setor de base florestal, lembrou que as indústrias já estão sofrendo com a queda nas vendas e terão problemas maiores, como dificuldades para pagar o 13º salário dos funcionários, se não tiverem condições de trabalhar e transportar suas mercadorias. “Fiquei sabendo que uma empreiteira de Rondônia foi contratada para fazer os reparos e deve iniciar ainda em dezembro, mas enquanto ela não começa, temos que nos unir e fazer o rateio entre os empresários para o pagamento das despesas com a manutenção emergencial, se cada um ajudar um pouco não fica pesado pra ninguém”, finalizou.