Empresários e representantes dos sindicatos patronais do setor de base florestal do estado, ligados ao Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), estiveram reunidos com o Secretário de Estado de Meio Ambiente, Carlos Fávaro, para expor suas preocupações em relação à implantação do Sisflora 2.0. O modelo de sistema proposto pelo órgão pode gerar entraves burocráticos e penalizações para os produtores.
O encontro, realizado na última quinta-feira (02.02), contou com a participação da secretária-adjunta de Licenciamento Ambiental da Sema, Mauren Lazzaretti, pasta responsável pela elaboração do novo sistema. Além disso, estiveram presentes o presidente do Sindicato dos Madeireiros do Extremo Norte de Mato Grosso (Simenorte), Ednei Blasius; o presidente do Sindicato dos Madeireiros de Sorriso, Flávio Moreira; o vice-presidente do Sindicato de Laminados e Compensados do Estado de Mato Grosso (Sindilam), Rafael Mason; o vice-presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras e Moveleiras do Noroeste de Mato Grosso (Simno), Paulo Veronese; e o diretor do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte do Estado de Mato Grosso (Sindusmad), Gleisson Tagliari.
Na ocasião, o Cipem apresentou um documento com 11 problemáticas identificadas na nova proposta, que demonstram a inaplicabilidade desse modelo no dia a dia da exploração florestal.
Entraves para o setor
Se implantado, o Sisflora 2.0 alterará a sistemática de apresentação da cadeia de custódia da madeira, que passará a ser realizada pelo órgão ambiental. O novo sistema irá impor um controle extremamente detalhado da exploração, realizado em tempo real via on-line, com inserção de novos dados a cada etapa do processo, inclusive as realizadas em campo. Além disso, a emissão da Guia Florestal (GF), necessária para os procedimentos de compra, venda e transporte de matéria prima (tora) e produtos resultantes do desdobro, será muito mais burocrática.
Uma das problemáticas apresentadas pelos produtores é que o novo sistema irá demandar acesso à internet de alta velocidade e exigirá que o responsável técnico esteja permanentemente logado no sistema para realizar os lançamentos de dados. Com isso, levantou-se a dúvida em relação à capacidade do sistema suportar toda essa nova demanda. Os próprios representantes da Sema reconheceram o problema, ao afirmar que a unidade descentralizada do órgão, localizada em Alta Floresta, também tem dificuldades de acesso ao sistema por conta da internet e que isso gera uma série de transtornos.
“Quem conhece a realidade das cidades do interior sabe que isso é impossível. Pagamos caro e não recebemos internet de qualidade nem na cidade, imagina nos empreendimentos florestais, que funcionam na zona rural, distantes das cidades”, destacou o presidente do Cipem, José Eduardo Pinto.