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Dia na Floresta mostra manejo florestal sustentável na prática

Data: Terça-feira, 09/07/2019 15:51
Fonte: Assessoria Cipem-MT

Quando se pensa em atividade madeireira, poucos conseguirão visualizar a realidade que cerca de 100 pessoas conferiram hoje (05), in loco, na Fazenda Sinopema, localizada na divisa entre os municípios de Sinop e Tabaporã (MT). Em uma área de aproximadamente 52 mil hectares (ha), o cenário é de conservação. Nem parece haver uma atividade econômica de alto desempenho. No local, todas as árvores são identificadas e as que estão em ponto de maturidade são colhidas, deixando espaço para o surgimento de novas mudas – processo conhecido como regeneração natural da floresta. Todo esse sistema obedece a rígidos controles de órgãos ambientais, desde o licenciamento e a colheita, passando pelo transporte até a comercialização.

O evento realizado, similar aos “dias de campo” que acontecem em fazendas de grãos, está em sua segunda edição e é realizado pelo Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem) e parceiros. O público alvo é formado por representantes dos poderes públicos executivo, legislativo e judiciário que interagem com o setor ou com o tema ambiental. O objetivo é mostrar, na prática, como é o cotidiano usual do manejo florestal – uma atividade que mobiliza mais de 5 mil empreendimentos no estado e que emprega cerca de 90 mil pessoas direta e indiretamente.

O presidente do Cipem, Rafael Mason, explicou que a realização do Dia na Floresta surgiu em função da complexidade de se entender a atuação do setor florestal. “A autorização e a fiscalização da produção de madeira em Mato Grosso são realizadas por quatro órgãos públicos diferentes: a Sema, o Ibama, o Indea e a Polícia Rodoviária Federal. Na esfera jurídica, a atuação é tanto estadual como federal. Ou seja, o controle da atividade é extremamente complexo”, pondera Mason.

A secretária de Meio Ambiente de mato Grosso (Sema-MT), Mauren Lazzaretti, falou sobre os avanços de gestão da pasta, destacando a maior agilidade na análise dos processos de autorização dos Planos de Manejo Florestal Sustentável, mecanismo que, em sua avaliação, “representa a alternativa mais eficiente para manter a floresta em pé. “Como temos urgência em manter a floresta conservada, o manejo florestal sustentável é o nosso foco principal”, reforçou.

Na avaliação do diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, órgão ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Valdir Colatto, eventos como o Dia na Floresta favorecem o aprendizado que melhoram a implementação de políticas públicas relativas ao setor florestal. Na fala de abertura do evento ele também defendeu a necessidade, urgente, de melhorar a imagem da atividade junto aos compradores, principalmente, internacionais. “Nós queremos fortalecer essas parcerias para que possamos mostrar que o setor florestal brasileiro é desenvolvido e sustentável”, afirmou.

Entidade holandesa de fomento a projetos sustentáveis, a Iniciativa para o Comércio Sustentável (IDH) foi uma das parceiras do Dia na Floresta e, recentemente, formalizou atuação em conjunto com o Cipem visando promover e valorizar o setor de base florestal, além de ampliar a produção de florestas manejadas no estado. “Trabalhamos com programas multissetoriais com abordagem territorial. No caso do setor de base florestal o desafio é ampliar a área de floresta nativa manejada para seis milhões de hectares”, observa Marcela Paranhos, gerente de Investimentos da IDH. Hoje, Mato Grosso possui 3,7 milhões de ha de florestas privadas manejadas.

A experiência na Sinopema

A área de manejo florestal mantida pela Fazenda Sinopema existe desde 1980 e supera os 50 mil ha. Da propriedade, são comercializados cerca de 60 mil metros cúbicos de madeira de diferentes espécies – Amescla, Angelim-pedra, Cambará, Cedrinho, Cumaru, Cupiúba, Itaúba, Garapeira e Peroba-Mica.

Todas as etapas de colheita das árvores maduras são cuidadosamente estudadas, planejadas e executadas, seguindo rigorosamente a legislação ambiental. Responsável tecnicamente pelo manejo, a engenheira florestal Angeli Katiucia Guterres explica que todos os detalhes são pensados e executados para diminuir o impacto na floresta, desde a escolha do local em que a árvore irá cair, passando pelo caminho que o trator (denominado skidder) percorrerá para retirá-la, as rotas de estradas até a esplanada onde será carregada e depois embarcada para transporte.

“A escolha da árvore, o trabalhado durante a colheita e a medição são planejados para garantir, também, o total aproveitamento da matéria-prima”, explicou. Um processo controlado por planilhas e softwares que registram cada etapa percorrida, com a identificação dos pontos em um mapa. “Com isso, aferimos a localização geoespacial das árvores para garantir a chamada cadeia de custódia”, reforçou. Um dos resultados dessa preocupação é o convívio, harmonioso, entre a produção da madeira e a presença de animais silvestres na propriedade, como porcos do mato, onças, veados, quatis, aves e outras espécies típicas da região norte mato-grossense.

Dia na Floresta

O Dia na Floresta foi organizado pelo Cipem, em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) e o Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal (FNBF). O evento teve apoio da Iniciativa para o Comércio Sustentável (IDH), Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt), Associação Mato-grossense dos Engenheiros Florestais (Amef) e Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte de Mato Grosso (Sindusmad).

Setor florestal de MT

A madeira de Mato Grosso é, majoritariamente, oriunda de 3,7 milhões de hectares de florestas privadas manejadas e a expectativa é de chegar a 6 milhões de hectares até 2030. A atividade agrega mais de 5 mil produtores, sendo 1.006 indústrias e comércios que empregam cerca de 90 mil pessoas direta e indiretamente. Ao todo, 44 municípios mato-grossenses têm como base econômica a atividade florestal, colocando o setor na 4ª posição no ranking da economia estadual. Somente em 2018, o setor de base florestal arrecadou mais de R$ 53 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e mais de R$ 23 milhões para o Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab), com a movimentação de R$ 2 bilhões em vendas de produtos florestais.

*Com colaboração de Camila Bini